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é só fachada
Black and white photo of four men sitting on the grass in front of apartment buildings, with the text é só fachada Alçados da Quinta at the bottom.
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5. cais

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cais
3:43

Estou só no cais, verão a arder, navios na bruma, não sei que fazer. Olho o mar ao fundo, distância a chamar, quem entra, quem parte, quem fica a sonhar.

Navio ao longe, fumo no ar, traz pedaços de sítios que não vou pisar. Velas erguem, vento a puxar, mas a minha alma só quer viajar.

Sinto no peito volante a girar, cada partida faz-me sangrar. Todo o cais é lousa pesada no peito, ancorado em regras a que não me sujeito

Navios que chegam, navios que vão, levam pedaços do meu coração. Navios que passam, sonho a correr, Aqueles que partem, nunca mais vão volver

Entre cais e navio abre-se espaço, a angústia recente cai no compasso. Névoa no peito, dor misteriosa, uma náusea doce, amarga, chorosa.

Talvez tenha partido antes de nascer, deixei o ventre materno ao amanhecer Um cais absoluto, fora do tempo, sombra gravada no pensamento.

Navios que chegam, navios que vão, levam pedaços do meu coração. Navios que passam, sonho a correr, Aqueles que partem, nunca mais vão volver

Ânsia marítima corre nas veias, mares distantes, praias alheias. Cada partida é vida a morrer, cada chegada um renascer. Chamam-me águas, chamam-me mares, vozes antigas, gritos ancestrais. E eu respondo, perdido no cais, alma sem porto, preso em sinais.

Navios que chegam, navios que vão, levam pedaços do meu coração. Navios que passam, sonho a correr, Aqueles que partem, nunca mais vão volver

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