Vento na cara, corrida apressada Lágrima falsa, ferida rasgada Pele que arde, renasce quebrada Sempre a correr, sem meta traçada
Já nasci torto, vida fracassada Peça partida, engrenagem falhada Desejo apagado, memória cansada Rumo à ruína, em marcha forçada
Estrada de pedra tornou-se poeira, Alma seca com dor verdadeira Corpo amorfo sobre a esteira, Tudo se esvai, já não há maneira
Mãos ao céu, terror que grita Medo escondido, depressão infinita Corta-'o beat, ferida maldita Rima que arde, cicatriz escrita
Afogado em lama, até ao pescoço quero seguir adiante, mas não posso caminho gasto, passo arrastado, só resta a cinza do tempo apagado
Estrada de pedra tornou-se poeira, Alma seca com dor verdadeira Corpo amorfo sobre a esteira, Tudo se esvai, já não há maneira
Corro na lama com dentes cerrados, anjos de ferro, cães danados, corpos caídos em becos sem nome, fome que cresce, mas nunca consome.
Paredes falam, escuto a sentença, máquina gasta, sem resistência, sonho é prisão, com grades invisíveis, códigos mortos em rimas possíveis.
Estrada de pedra tornou-se poeira, Alma seca com dor verdadeira Corpo amorfo sobre a esteira, Tudo se esvai, já não há maneira